esculturas de CARLOS RODRIGUES

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MENINAS À SOMBRA

Ao pegar na rebarbadeira para aparar um bloco de mármore, que precisou de milhões de anos para se transformar em substância sólida, mas flexível, tosca, mas sensível, rude, mas bela, tenho a noção que não posso eliminar parte dessas caraterísticas no processo de criação das minhas esculturas. Ao criar uma escultura em pedra, não quero que a vejam como carne, nem que a toquem e sintam com a leveza da madeira. Tal como gosto de conservar a suas caraterísticas, quando essa pedra passa pelas minh1 Ao pegar na rebarbadeira para aparar um bloco de mármore, que precisou de milhões de anos para se transformar em substância sólida, mas flexível, tosca, mas sensível, rude, mas bela, tenho a noção que não posso eliminar parte dessas caraterísticas no processo de criação das minhas esculturas.
Ao criar uma escultura em pedra, não quero que a vejam como carne, nem que a toquem e sintam com a leveza da madeira.
Tal como gosto de conservar a suas caraterísticas, quando essa pedra passa pelas minhas mãos, tento não apagar as marcas das ferramentas que lhe deram alma, nas lutas e diálogos que venho travando com a matéria, ao longo de dias, meses e anos.

A beleza é o que procuro quando crio uma escultura.
Não gosto de falar do que as minhas esculturas significam para mim. Isso fica para quem as observa.
Gosto de falar, sim, das pedras que uso e das técnicas, no fundo, de todo o processo de criação. O que está dentro delas... isso fica para mim.
Seria como se estivesse a revelar o que cada filho é para mim.
Procuro envolver cada obra num momento de reflexão, beleza, sensualidade e até sexualidade: a prova maior do amor.
Essa prova de amor pode estar num inseto pousado sobre uma flor, numa árvore com frutos, no fragmento de um torso ou, simplesmente, nos rebentos de uma orquídea.

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